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Stranger Things 2 – CRÍTICA

De Goonies a O Exorcista, Stranger Things 2 vai além de uma boa referência

2016 nos trouxe o que se tornaria mais um ícone da cultura pop. Carregado de referências e analogias a outros clássicos, a história de uma garota com poderes psíquicos, que se junta a um grupo de amigos para desvendar um mistério numa cidade do interior, ganhou um espaço no coração de quem aprecia uma boa aventura. E mais do que isso, fez com que a expectativa para uma segunda temporada fosse tão grande quanto a nova ameaça! Então, voltemos a Hawkins!
Um ano se passou desde os fatos ocorridos na pequena cidade, mas Will ainda sofre com as consequências de ter sido capturado pelo Demogorgon e ter ficado no Mundo Invertido. Assim, uma nova ameaça está se espalhando e cabe ao grupo de amigos entender o porquê dos novos acontecimentos estranhos começarem antes que o mundo todo seja destruído.
Os irmãos Duffer não só elevam o nível da produção, eles exploram diversos gêneros para que a segunda temporada nos demonstre a capacidade de se contar uma história que consegue ir além das referências. A narrativa vai estabelecendo logo nos primeiros capítulos o impacto do que ocorreu anteriormente, sejam elas psicológicas, ou que envolvam novas escolhas. Acompanhamos então não só o crescimento da trama, mas como cada personagem se desenvolve e encontra caminhos ainda inexplorados. E este crescimento comprova a força desta boa história, pois elementos que são inseridos, principalmente as novas ameaças, tem suas explicações novamente retiradas de Dungeons and Dragons, e funcionam! Não são meras referências para que possamos dar um sorriso nostálgico, elas são condizentes com que está sendo mostrado.
Junto a isso, a direção de Shaw Levy, Andrew Stanton, Matt Duffer, Ross Duffer e Rebecca Thomas transita entre os momentos de tensão, suspense, terror, comédia, aventura, sem o apelo de querer inovar ou realizar algo inesperado, tudo é muito consistente e fundamentado no que já foi realizado. Há uma cena envolvendo Nancy e Jonathan em um parque onde a câmera se movimenta de maneira apressada, isso em ritmo aos cortes, gerando uma sensação incômoda não só para as personagens. Da mesma forma, há toda uma sequência ao final da temporada que evoca totalmente O Exorcista, é desconfortável, assustadora e angustiante. 
Novamente, o design de produção, a fotografia, fazem de Stranger Things um espetáculo visual, a década de oitenta totalmente revisitada sem nada faltando, das roupas aos penteados estranhos; a palheta de cores em sua tonalização sépia, escura, envelhecida nos lembram da época e da ameaças que estão por vir.
Outro grande trunfo foi a divisão da trama em pequenos arcos, que vão envolvendo não só rostos conhecidos, mas aqueles que acabaram de chegar a esse turbilhão de esquisitices. O que leva também a grupos ou duplas se formarem para resolução da aventura. Algumas já conhecidas, outras, improváveis, como o que acontece com Steve. E este acontecimento está atrelado a uma cena que faz referência a Goonies, e se formos listar teremos O Ataque dos Vermes Maltidos, Gremilins, Alien, Caça-Fantasmas, os filmes de John Hughes, entre outros que irão fazer qualquer um entender de onde aquilo veio. Sem falar na manifestação de poder a lá Fênix Negra, que se torna um dos momentos mais memoráveis desta temporada.
O elenco continua o excelente trabalho. 
Millie Bobby Brown faz sua Eleven crescer em todos os aspectos, ela sai do âmbito menina ingênua com poderes, para ameaçadora e decidida, demonstrando que há muito o que explorar de sua personalidade e passado. Finn Wolfhard continua sua liderança quando Mike precisa direcionar o grupo, mais do que isso, seu amadurecimento como pessoa é nítido e cativante. Gaten Matarazzo é o grande nome do humor desta temporada, Dustin promove não só momentos engraçados, ele mexe com nossos sentimentos e lembranças. Calen McLaughlin com seu Lucas divide os conflitos internos com o amigo citado anteriormente, sem perder sua racionalidade e senso de perigo. Noah Schnapp expõe total domínio de tela, o Will vai de assustado à ameaça, estranho à perturbador, em momentos emblemáticos da trama.
Os demais continuam elevando o nível das atuações infantis, Winona Ryder, David Harbour, Natalia Dyer, Joe Keery, Charlie Heaton, tem suas construções, dilemas bem estabelecidos. Assim como os novatos, Sean Astin, Dacre Montgomery e Sadie Sink. O primeiro é um easter egg de si mesmo, com falas até nesse sentido. Os irmãos recém chegados, por sua vez, relembram que as ameaças não estão apenas em outra dimensão, com bons momentos em cena. 
Stranger Things 2 é um blockbuster de quase nove horas de duração que evoca a nostalgia, mas que ao crescer em narrativa não se perde ou entrega acontecimentos de forma gratuita. 
Os irmãos Duffer encaixam novos pontos a história que começaram a um ano atrás e criam um novo trajeto para que haja continuidade em uma ideia que vai além das referências da cultura pop. Transitando da aventura ao terror, este ícone oitentista-contemporâneo ainda tem muito que nos explicar, há mistérios que ainda não foram desvendados, respostas que não possuímos e ameaças que podem ser mais devastadoras. E quando tudo isso chegar, que o livro do Dustin seja assertivo ao nos revelar o que está sendo combatido, que o taco de Steve bata ainda mais forte, que a pontaria de Hopper seja a melhor e que a Eleven continue ainda mais poderosa.
Queremos a terceira temporada!
Nota: 5/5 (F*D@ PR# C*RAL#O)

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