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Qual seu filme de terror favorito?

A frase do famigerado assassino de Woodsboro, Ghostface (Scream – 1996), é um ícone para a história recente do gênero terror e se encaixa perfeitamente como título dessa matéria, afinal um filme de gênero que discute o próprio gênero em seu subtexto merece lugar de destaque na (pelo menos minha) galeria de filmes de terror favoritos.
Não vamos nos limitar a listas ou discutir filmes clássicos, a ideia aqui é ser um pouco mais intimista que isso.

Primeiro tente responder a pergunta do título, “Qual seu filme de terror favorito?”.
Pressupondo, é claro, que se você está lendo esta matéria, provavelmente gosta desse tipo de filme. Está familiarizado com a mensagem que esse filme passa? É claro que como qualquer outro gênero, existem centenas de exemplos que não tem nenhuma profundidade e esses são geralmente os que se fazem mais populares, mas esses filmes tendem a trazer a tona questões sociais relevantes e de maneira alegórica, fazem isso com maestria.



Em O Exorcista (1973), William Friedkin adaptando o romance de William Blatty nos mostra um “Demônio” subvertendo o valores da família e o sonho americano quando possui a doce e inocente Regan. Uma alegoria para a sociedade da época (anos 70) tentando lidar com a rebeldia adolescente, abandono dos valores familiares, colapso da família e a falta de respeito para com as tradições religiosas.
Outro exemplo é o diretor George Romero (1940 – 2017) que  usou o subgênero zumbi, entre outras coisas, como símbolo da cultura de consumismo capitalista. Em Dawn of the Dead (1978) podemos enxergar uma clara alusão a fragilidade da sociedade moderna e como a simples falha dos meios de comunicação é suficiente para mergulharmos no completo caos.

O terror e seus subgêneros tem a capacidade de expor o lado negro do ser humano e talvez por isso seja “fácil” usar esse tipo de filme para fazer críticas sociopolíticas e ao próprio homem de maneira “sutil”. Geralmente se fazem de caricatura da sociedade e evidenciam comportamento, contexto histórico, pensamento e peculiaridades sociais.

Os subgêneros são diversos, você pode ser fã de Slasher com psicopatas mascarados perseguindo e matando adolescentes aleatoriamente, enquanto condena o sexo e a subversão, splatter com toda sua violência gráfica e vulnerabilidade do corpo, horror psicológico com a fragilidade da mente humana e o medo do desconhecido, pode questionar fé e religiosidade com o sobrenatural, monstros, zumbis, entre outros. Claro que não é uma regra, tudo vai depender da visão do diretor e que mensagem ele quer passar.


Hoje o gênero vem se reinventando e passando por uma boa safra de filmes que fogem dos clichês ou convenções mais tradicionais para contar suas histórias. The Witch (A Bruxa) – 2015, It Comes at Night (Ao cair da noite) – 2017 e A Ghost Story – 2017, são exemplos de como esses filmes podem abordar questões mais profundas e intimistas sem o apelo gráfico ou explícito. Filmes clássicos como Rosemary’s Baby (O Bebê de Rosemary) – 1968 e The Shining (O Iluminado) – 1980 já fazem isso ha muito tempo, mas como disse antes: em seus próprios contextos.


O terror está muito além de simplesmente entreter com bons sustos ou roubar suas noites de sono. Por trás da camada assustadora e atmosfera tensa que seu filme de terror favorito possa ter, existe uma complexa e profunda questão que vale a pena ser observada e discutida com mais cuidado, ela pode ser muito mais assustadora.

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