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Por Lugares Incríveis – CRÍTICA

Por Lugares Incríveis – CRÍTICA

Interessante abordagem adolescente não sabe como aprofundar temas

Adaptações da literatura sempre causam um certo incômodo nos leitores.
Fatos são omitidos, situações são aumentadas, personagens não são utilizados, mudanças acontecem e até mesmo quando o roteiro cinematográfico segue à risca o material base, existe aquele que irá encontrar algum motivo para reclamações.
E nessa leva de adaptações de romances adolescentes contemporâneos, chegou à Netflix, Por Lugares Incríveis, que consegue criar uma abordagem interessante ao falar dos problemas daquela fase, mesmo que amenizando situações do texto original, se sustentando pelo carisma de seus protagonistas e abraçando os tradicionais clichês que já vimos em obras como Cidades de Papel, A Culpa é das Estrelas e Deixe a Neve Cair.
Parece que a vida adolescente nessas histórias sempre é a mesma!

Finch conhece Violet numa situação nada agradável, mas ao mesmo tempo isso desperta o interesse do menino em sabe o porquê do comportamento da garota. Logo, por conta de um trabalho de escola, os dois foram uma dupla nada convencional e isso irá despertar não apenas uma paixão entre os dois, mas uma forma para que ambos lidem com suas angústias e problemas do passado.

Brett Haley é quem comanda a produção que adapta o livro homônimo de Jennifer Niven, de uma maneira interessante, mas sem a profundidade esperada.
O diretor escolhe permear um caminho seguro e nada inventivo para o que realiza nessa obra. Tudo é típico de outras histórias adolescentes, seguindo até mesmo um ritmo da trama que facilmente abraça a obviedade! Teremos uma cena onde eles se conhecem, diálogos sobre a índole dos personagens, sequência na estrada onde câmera mostra a paisagem, locações interessantes, porém pouco exploradas, outra sequência onde os personagens dançam, conversam, riem, com uma trilha sonora melodramática!
Falta personalidade na forma como essa narrativa poderia ser contada pois parece que já vimos tudo isso em outras obras, com as mesmas situações se repetindo. E esse sentimento de déjà vu é encontrado na fotografia, nos figurinos e nos ambientes.
Então é tudo um mais do mesmo?

 

De que tem tanto medo?
De ser comum!

Respondendo à questão do parágrafo anterior: não, nem tudo!
Quando passamos a conhecer mais de Finch e Violet entendemos seus traumas, suas frustrações, seus desejos e acima de tudo, o quanto o passado ainda os machuca! Perdas e abusos permeiam o texto transpondo então as dificuldades de se relacionar e encontrar um caminho onde as coisas possam se ajustar quando tudo parecer catastrófico. Nisso, ansiedade, bipolaridade, suicídio, o luto, são temas que são elencados para dar camadas ainda maiores as personagens, que certamente irão capturar a empatia do público. Graças ao carisma da dupla de atores Justice Smith e Elle Fanning.
Contudo, para quem leu a obra, certos pontos omitidos pelo roteiro irão pesar o desenvolvimento da trama em si. O que torna alguns elementos totalmente superficiais e sem explicações, deixando que as resoluções aconteçam em poucas frases ou sequer sejam alvo de um possível ajuste.
Existe o trauma da perda, porém os diálogos não contribuem para o entendimento de como todos se sentem.
Existe um passado preso em diversas ocorrências de abuso e violência, mas novamente se tenta resolver tudo em uma fala.
Existe um conceito pré-estabelecido com um dos protagonistas, contudo a sua dificuldade nunca ganha o peso devido para sustentar as ações.
Neste ponto, o longa parece que ao escolher mostrar mais do quanto um personagem precisa do outro, esquece de apresentar ao público razões plausíveis para que os eventos venham caminhar até os momentos que iremos começar a ver Finch e Violet. E tudo em rápidos noventa minutos de duração. Outro ponto que certamente prejudicou a história, pois há um senso de pressa constante que se por algum momento você se distrair, tudo já terá ocorrido!

Por Lugares Incríveis é uma adaptação interessante que carece de personalidade e criatividade que pudessem dar agilidade e nuances para encaixar na trama elementos que são importantes para o desenvolvimento da história.
Apegada a uma direção que faz o básico para não se afastar demais do texto original, a escolha de aprofundar mais o romance do que as construções peculiares de cada protagonista, torna a história quase um “mais do mesmo” de filmes com adolescentes!
O que é mais interessante aqui é a forma como Violet e Finch encontram em lugares razões para continuar vivendo, razões para olhar o que está em volta sob uma ótica diferente, aquela que não se importa com as convenções propostas!
Pois o lugar mais incrível se encontra em nós mesmos!

Nota: 3/5 (Bom)

 

P.S: Se você está passando por alguma situação relacionada a depressão, ansiedade, perda, abuso, ou esteja pensando em fazer algo contra a própria vida, busque ajuda! Fale, expresse! 
Nós do Geek Guia também estamos aqui para ajudar você! Você não está só!

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