Um ‘Premonição’ sem a mesma criatividade
É interessante como à medida que vamos aprimorando cada vez mais a tecnologia, novas obras no cinema, séries e outras mídias, procuram retratar esse domínio da modernidade como algo perigoso. No Japão algumas manifestações sobrenaturais são chamadas de yurei, uma entidade ligada ao mundo humano por causa dos sentimentos através de algum objeto ou aparelho, que a impede de seguir o caminho da morte. E se formos analisar, A Hora da Sua Morte tem um quê de yurei, mas sem a mesma mitologia interessante e muito menos alguma ameaça espectral que realmente venha causar mesmo. O resultado é uma sucessão de clichês em um longa pontual que poderia ser mais um episódio piloto ruim perdido de Supernatural, do que uma obra em si.
E ainda bem que existe um contador nesse filme, no caso, aquele que nos mostra quando ele está chegando ao fim!
Quinn é uma enfermeira que acaba baixando um aplicativo que diz quando as pessoas irão morrer. Logo tudo começa a ficar estranho, pois sua contagem se dá para no máximo dois dias, e inúmeras manifestações sobrenaturais começam a persegui-la, além de outras pessoas, que baixaram o programa aparecerem mortas de maneira inexplicável.
Assim, com a ajuda de Matt, a dupla precisa encontrar uma maneira de parar a contagem, antes que mais pessoas venham morrer!
Justin Dec é quem comanda a produção de terror que possui uma ideia interessante, mas não sabe como executar isso sem se distanciar dos clichês do gênero e de atuações que não convencem do perigo que se aproxima.
A direção até se esforça para dar um estilo único as transições de cenas e aos cortes quando precisa dar ênfase aos momentos de susto, fazendo com que percorra os cenários chegando até o rosto dos personagens para demonstrar o quanto tudo é perigoso. Contudo, não há esforço por parte do diretor em conduzir o elenco em transparecer isso, fazendo com que os diálogos mal escritos e as situações quase constrangedoras, pela busca de desvendar o mistério, ganhem cada vez mais espaço.
Desta forma vamos perdendo o que realmente era importante, a construção do terror.
As mortes ocorrem de maneira rápida, sem foco aparente e também sem nenhuma construção para que você se apegue aos personagens. O que poderia se tornar uma nova forma de trazer a morte para o cinema, como realizado na franquia Premonição, acaba ganhando um quê episódico, onde o que se combate parece mais um fantasma saído diretamente de Scooby Doo, do que algo amedrontador!
As mortes ocorrem de maneira rápida, sem foco aparente e também sem nenhuma construção para que você se apegue aos personagens. O que poderia se tornar uma nova forma de trazer a morte para o cinema, como realizado na franquia Premonição, acaba ganhando um quê episódico, onde o que se combate parece mais um fantasma saído diretamente de Scooby Doo, do que algo amedrontador!
Acho que o que está acontecendo com a gente é culpa desse aplicativo!
A narrativa então poderia percorrer diversos caminhos, até mesmo demonstrando ainda mais o apego do ser humano às novas tecnologias. O que seria uma justificativa para o que ocorre com aqueles que usam o aplicativo da morte, mas nenhuma dessas ideias parece ter percorrido a cabeça dos roteiristas que se apoiam no sobrenatural para dar o tom a sua história.
Como falado, a manifestação Yurei é empregada com bizarrice e assombro quando as obras orientais se dedicam a contar tal narrativa, já vindo para o ocidente tudo se baseia em colocar “adolescentes” fugindo de algo desconhecido, que pode ser descoberto com uma simples pesquisa de um Hacker com o apoio de um padre exorcista à disposição. Com esse excesso de facilitações existe ainda espaço para um discurso acerca de assédio e do papel feminino nos ambientes de trabalho, porém se resume a pouquíssimas cenas, diálogos sofríveis e situações altamente previsíveis.
E quando chegamos ao clímax a inconsistência do texto dá suas caras ainda mais, deixando um possível gancho, que dentro da ótica e dos pensamentos coesos e coerentes de um roteiro, não fazem qualquer sentido!
Ah! E não assusta nem um pouco!
A Hora da Sua Morte é aquele tipo de produção que no papel parecia muito interessante, mas que na hora de colocar prática se tornou tão sofrida que ninguém gostaria que tivesse existido.
A direção que até se esforça em tornar as situações assustadoras e críveis, porém nada aqui ganha uma sustentação adequada, seja por parte do roteiro, das atuações ou da ameaça em si, que certamente arrancará risos dos espectadores ao final!
E se pararmos para analisar, o grande medo hoje não seria um aplicativo capaz de dizer quando você irá morrer, mas a facilidade como as informações podem ser acessadas e até divulgadas pelas redes (algo que o ótimo Buscando conseguiu fazer). Ou pior, um fantasma ligado à bateria, pois não há nada mais aterrador do que um celular com pouca bateria e nenhuma tomada por perto!
Tá aí mais uma ideia que poderia ter sido usada!
Nota: 1/5 (Poderiam liberar o celular na sessão pra uso)