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Tempo | Crítica

Tempo | Crítica

M. Night Shyamalan em mais uma tentativa

Acredito que poderia ser feito uma lista de filmes com ótimas premissas, mas que na execução nada foi satisfatório. E isso inclui inúmeros gêneros do cinema. Entretanto, quando estamos passando pelo suspense e terror, certamente aqui existem tantos exemplos do quanto isso acontece, que fazer um top 10 não seria o suficiente para elencar cada uma dessas experiências nada empolgantes para o espectador. Nesta ideia, eis o filme da vez! 

‘Tempo’ é a nova produção de M. Night Shyamalan, conhecido diretor do cinema de terror e suspense, que mais uma vez fica na tentativa realizar uma obra consistente e que vai além da sinopse interessante, ou do trailer comercialmente bem montado! O que encontramos é uma história que começa de maneira assertiva, porém ao tentar explicar do que o necessário, não sabe como encerrar o que está contando, tão pouco, gerar a empatia para que venhamos nos importar com aqueles personagens. Poxa, Shyamalan, você prometeu! 

Fale Mais sobre Isso

A família Cappa está de férias em um resort incrível. E tudo parece ser perfeito e pronto para ser desfrutado! Logo, quando eles são levados a um passeio em uma praia particular que pertence ao local, conhecem outros hóspedes que lhes farão companhia e nada poderia estragar aquele momento. Porém, quando um dos meninos do grupo encontra o corpo de uma mulher morta, eventos começam a tornar tudo perigoso e sem explicação, já que as crianças começam a envelhecer aceleradamente e os adultos também! E na tentativa de deixar o local, eles perceberão que é impossível escapar, tornando o tempo o seu pior inimigo! 

Tudo Começa bem, mas…

M. Night Shyamalan é um tanto controverso em sua forma de direção. Há momentos em que ele realiza tudo com personalidade, inteligência, em outros, liga o modo automático, alinhado na tentativa de emplacar um conceito e seja o que o editor conseguir montar no fim das contas. E este é um filme da segunda opção!

Baseado na HQ “Castelo de Areia” de de Frederik Peeters e Pierre-Oscar Lévy, o diretor do icônico “O Sexto Sentido“, dos criativos “Fragmentado”, “Corpo Fechado”, “A Vila” e “Vidro”, e dos péssimos “Fim dos Tempos”, “A Dama na Água”, “Depois da Terra” e “O Último Mestre do Ar, começa de maneira competente o seu novo longa, mas aos poucos, e com o passar do “tempo” em tela, vai perdendo o senso de como conduzir sua trama. É perceptível que existe uma ótima ideia ali e Shyamalan se esforça em criar sequências interessantes, movimentações de câmera que nos deixam intrigados, até mesmo beirando o que já vimos em outras produções do gênero de maneira clichê, mas bem realizadas!

Existe uma tensão no ar desde o momento que os personagens colocam o pé na praia, justamente por conta dos conflitos que os mesmos possuem. Entretanto, o excesso de pontos a serem abordados torna tudo jogado de maneira sem construção, tanto no modo como os diálogos se apresentam, como nas escolhas dos personagens que não entregam a apreensão necessária diante da situação vivida. Ou seja, nenhum dos atores realmente está entregue a história como se deve! Até mesmo quando mortes ocorrem e a estranheza toma conta de tela as reações são mais inexpressivas possíveis, o que certamente fará o espectador olhar no celular vendo se o tempo de exibição já está chegando ao fim!

Deste modo, M. Night Shyamalan consegue até os quarenta minutos iniciais nos prender em uma história intrigante, após isso, somos levados a um festival de cenas mal editadas, atuações mornas e um “festival” de explicações, atrás de explicações que arrastam o clímax por mais de vinte minutos, dando sensação que o diretor não fazia ideia de como terminar seu filme. E você sente esse tempo passar! 

Os mínimos detalhes expostos

Por mais que seja baseada em uma história em quadrinhos, a obra em si tomou liberdade em certas escolhas narrativas e de acordo com informações, as inserções explicativas ao final ficaram por conta do próprio M. Night Shyamalan. Ou seja, quando a produção se aproxima do desfecho parece que estamos assistindo a um desses vídeos do Youtube com uma grande arte cheia de setas, imagens duvidosas e escrito em negrito: Explicado! E isso não é algo bom! 

O texto em si se propõe em colocar em discussão pontos pertinentes, que vão da forma como aceitamos o envelhecimento e crescimento, a maneira como lidamos com o tempo ao lado das pessoas que amamos, até mesmo uma forte crítica as indústrias que procuram maneiras de retardar princípios básicos da natureza! Todos esses elementos estão ligados a conflitos que os personagens estão passando, sejam doenças graves, crises conjugais ou só a oportunidade de se conectar com algo maior!

Mas da mesma forma que o roteiro apresenta tudo isso, não há esforço algum em dar continuidade ou base para que os personagens venham a crescer, e não apenas de estatura em alguns casos! Pois a estrutura da produção se perde em não conseguir dar ênfase na trama enigmática e nos conflitos particulares, ao mesmo tempo. O resultado faz com que personagens sumam das cenas e reapareçam de maneira abrupta. Mortes não são sentidas e a tentativa de criar um “vilão” é tão desconexa quanto a solução encontrada para salvação da praia! 

Então, os mínimos detalhes da trama são expostos de maneira tão didática que você questiona o porquê do diretor estar fazendo aquilo, já que após uma cena crucial quase nos minutos finais do longa fica perceptível que a produção poderia acabar ali. Contudo somos levados por mais explicações, cenas em câmera lenta e uma falta de emoção sem igual! 

‘Tempo’ é o famoso filme com uma ótima premissa, um ótimo conceito e uma ótima fonte de inspiração, mas que se torna uma frustrante experiência cinematográfica onde as boas ideias só ficam no pensamento ou no trailer, tornando a execução morna e as atuações destoantes do cenário apresentado. Sem contar as explicações exaustivas que nos fazem questionar mais nossa própria inteligência do que a história em si.

Logo, M. Night Shyamalan é até esforçado, cria bons momentos de suspense, realiza sequências que ajudam a estabelecer a atmosfera de tensão, porém tudo isso se perde porque o próprio diretor se deixa levar pelos conceitos e a necessidade de apresentar todos os pontos ao público. Deixando de lado o faz o seu nome marcante no cinema, o mistério!

Ao final, não que este seja um filme que desperdiça o nosso tempo, mas nada aqui realmente explica sua relevância. E é melhor parar por aqui este texto pois se não vão querer explicar tudo o que foi dito novamente! 

Tempo está em cartaz nos cinemas! 

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