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Stranger Things 4 | Crítica

Stranger Things 4 | Crítica

Fenômeno recupera o carisma, mas ainda se acovarda

Desde 2016 Stranger Things faz parte da cultura pop de forma a ser considerada um fenômeno. Na primeira temporada, os elementos oitentistas e o modo de mesclar a narrativa com os elementos de RPG, fizeram com que a Netflix tivesse mais do que um sucesso em suas mãos, mas um produto que iria influenciar tendências, e estabelecer sua marca com um grande acerto no seu imenso catálogo. Quatro temporadas depois podemos dizer que ainda a história do grupo de adolescente habitantes de Hawkins, com seus bagulhos sinistros, consegue mexer com seu público de maneira positiva, entregando terror e um trama envolvente! 

Logo, Stranger Things 4 chega ao fim de maneira apoteótica, crescente e carismática, trazendo respostas onde era necessário e preparando o caminho para o caos, a destruição e o fim. Contudo, por mais que o fenômeno do streaming comprove ainda mais sua relevância nesse quarto ano, fica impossível não perceber as decisões facilitadas e covardes dos roteiristas em seus episódios finais. Assim, entre inúmeros acertos, e erros que nos fazem comprar “quatro panos por 10” para passar, a aventura de Onze é sim, uma das melhores de 2022!

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As coisas estão mudando para todos! Onze vive com Joyce e Will em Los Angeles, Mike está indo visitá-la, Dustin se vê envolvido com seu grupo de RPG, Max está cada vez mais sozinha e Lucas entrou para o time de basquete. Porém há algo de errado acontecendo, pessoas estão morrendo de maneira misteriosa e brutal, fazendo com que os amigos passem a investigar o que ocorre. E como suspeitavam, tem algo vindo do Mundo Invertido! Agora separados, eles deverão enfrentar uma nova ameaça que possui a habilidade de entrar na mente de suas vítimas, e farão isso sem Onze que está tentando recuperar seus poderes. Contudo o tempo está correndo, e na quarta badalada do relógio de Vecna haverá destruição! 

Recuperando fôlego e carisma

Comandada pelos Duffer Brothers, além de Nimród Antal e Shawn Levy, a quarta temporada foi dividida em duas partes, sendo que os dois últimos episódios somam juntos quase quatro horas de duração! Estratégia equivocada da Netflix que não soube aproveitar da maneira correta o hype que este ano causou dentro da cultura pop! 

E podemos dizer que Stranger Things recuperou tanto o fôlego para sua narrativa quanto o carisma lá de 2016!

Desta vez temos um mergulho direto aos clássicos do terror, que vão de ‘A Hora do Pesadelo’, ‘Hellraiser’, passando por ‘Horror em Amityville’, ‘It: A Coisa’ e “Halloween’! E os diretores não economizaram na estranheza e no choque no que se tratou das mortes apresentadas nesta temporada. A cada novo ataque do vilão da vez, havia todo um contexto envolto nos pesadelos e traumas dessas pessoas, naquilo que elas tanto temiam, fazendo que literalmente fossem “quebradas”, perdendo a vida para uma entidade capaz de adentrar o pior do seu subconsciente (Freddy teria adorado conhecer Vecna). 

Logo, essa construção fez com que os episódios ganhassem ainda mais suspense quando em Hawkins, ação em Los Angeles e um clima de espionagem/sobrevivência na Rússia.

Uma escolha arriscada com três arcos diferentes, com três grupos de personagens, que por mais que fossem importantes para o que seria contado, não carregam o mesmo peso quanto ao interesse do público. E a gente sabe que você pulou vários momentos do Hopper tentando bolar um plano na prisão ou do Jonathan, Mike, Will e o amigo maconheiro que só ficavam falando o óbvio, andando de um lado a outro na Kombi da pizzaria (Apesar do ótimo plano sequência quando fogem de casa enquanto são acatados pelo exército)! 

Apesar desses dois pontos enfadonhos, quando a história se voltava para o Vecna atacando as pessoas na cidade onde tudo começou, a narrativa ganhava força, profundidade e dramas bem construídos em tela. Sem contar nas sequências pautadas no horror que fizeram toda a diferença. Desde relógios sinistros badalando, balões com sangue explodindo e “possessões” do vilão em figuras conhecidas! Stranger Things entendeu que poderia ir além da referência pela referência e assim o fez! 

Assim, quando Kate Bush e sua ‘Running Up That Hill (A Deal With God)’ adentram um dos melhores episódios da temporada, e podemos dizer da série, sabemos que ao pegar um ícone da música pop, e inserir em uma sequência que deixou todos tensos, a produção da Netflix estabeleceu ainda mais sua relevância como um produto midiático, capaz de mover em diferentes gêneros o destaque necessário! 

Infelizmente a quebra dos episódios em duas partes fez com que toda essa movimentação não tivesse um tempo permanente! Deixando então o episódio oito para construir o caminho da “batalha final” e o nono, o confronto que esperávamos. Contudo, soou apoteótico pontualmente, em situações específicas com alguns personagens, já que com outros, optou-se pela previsibilidade! 

Ou seja, Stranger Things 4 resgatou o seu carisma, mas ainda assim, se acovardou!

A Heroína, o Vilão e a falta de coragem

No fim das contas, esta funciona como uma temporada “ponte” para o que realmente está por vir! E para isso, cada um precisava encontrar o seu caminho primeiro antes de voltar para Hawkins! Mas nem todos tiveram o mesmo desenvolvimento ou o final merecido! 

Eleven recuperou seus dons e firmou ainda mais seu vínculo com Mike, que por sua vez entendeu sua postura como líder do grupo. Lucas teve a clássica jornada do popular que se redime, Dustin continuou sendo o personagem “professor” da história, Steve continua sendo a força bruta, Nancy segue demonstrando ser uma ótima atiradora e Robin contou piadas inteligentes. Já Jonathan entendeu o que todo estudante da federal precisa, Joyce foi resgatar Hopper, e o Hopper só precisava ser resgatado! Ponto! 

Analisando, foi isso o que cada um acima fez, tirando dois personagens e um terceiro que foi pelo caminho errado!

O texto então se colocou como um grande desenvolvedor de Vecna e da Max! O vilão da temporada realmente possuía uma motivação, onde suas ações faziam sentido diante de um plano estabelecido desde o começo da série. Mas nós não sabíamos disso. Ele sempre esteve ali, arquitetando tudo, e alimentando o ódio para com Eleven. Assim, demonstrando que seu objetivo era mais do que plausível e o local onde tudo começou seria também o começo do fim. 

Já Max demonstrou como se sustenta uma narrativa nas costas diversas vezes. Os traumas, as camadas que possuía e o seus embates com Vecna eram capazes de nos fazer adentrar o suspense, tornando infelizmente as consequências da personagem preguiçosas. Apesar disso, o desenvolvimento da jovem foi exímio ao longo dos episódios.

E o Eddie merecia muito mais! Alvo do “Pânico Satânico” instaurado na cidade e grande promulgador de vários pontos que movimentaram o grupo de Hawkins, não pode ser esquecido facilmente, principalmente por sua sequência tocando guitarra no Mundo Invertido.

Porém, mais do que isso, ele é a prova do quanto os roteiristas de ‘Stranger Things’ 4 não possuíam coragem para conduzir sua história, pois era fácil demais matar um personagem que acabou de chegar e assim o fizeram(Sendo que haviam outros que poderiam ocupar o topo dessa lista), para não tocar no grupo principal que por diversas vezes poderia ter tido várias baixas! 

Neste sentido, não podemos deixar de falar no Will, que foi totalmente alvo de “Queercoding”, termo usado quando um personagem recebe todos os tropos de uma figura LGBTQIAP+, mas isso nunca é dito, fica no subtexto, demonstrando que a Netflix não se importa tanto assim com a representatividade em suas grandes produções, e tão pouco os criadores em realmente fazer relevante toda a cena do personagem chorando no carro após dizer o que tanto sentia! O momento é incrível, mas não é fundamentado! 

Logo, ao nunca dar um o desfecho que apresente reais consequências, Stranger Things nos faz esperar por mais um ano em que, ao que tudo indica, veremos o fim! E desta vez que seja de forma corajosa! 

‘Stranger Things 4’ chega ao fim de maneira apoteótica (Na maioria dos momentos), crescente e carismática, trazendo respostas onde era necessário e preparando o caminho para o caos, a destruição e o fim!

Contudo, por mais que o fenômeno do streaming comprove ainda mais sua relevância nesse quarto ano, fica impossível não perceber as decisões facilitadas e covardes dos roteiristas em seus episódios finais. Assim, entre inúmeros acertos, e erros que nos fazem comprar “quatro panos por 10” para passar, a aventura de Onze é sim, uma das melhores de 2022!

E assim, podemos dizer que ainda a história do grupo de adolescente habitantes de Hawkins, com seus bagulhos sinistros, consegue mexer com seu público de maneira positiva, entregando terror e um trama envolvente! Fazendo com que nunca mais ouçamos ‘Running Up That Hill (A Deal With God)’ de Kate Bush, da mesma forma! 

‘Stranger Things 4’ está disponível na Netflix

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