Durante o tempo que fiquei aguardando, ouvi muitos comentários e li muitas coisas a respeito dessa produção – claro que, desviando sempre dos spoilers – uma das matérias que li pouco antes de começar minha aventura pelos 16 episódios – e o estopim para a minha curiosidade – foi que seu último episódio havia alcançado as maiores avaliações de audiência.
Então não perdi mais tempo: aproveitei o fim de semana para assistir e enfim tirar minhas conclusões.
Se pelo título você já imaginou alguma história romântica, fofinha e cheia de frufrus, eu sinto desapontá-lo, mas o romance é a última coisa em foco por aqui. Existem questões muito maiores que estão sendo abordadas de formas sutis e ao mesmo tempo muito claras.
Essa é a história de Kang Dan-i, uma publicitária perto dos 40 anos de idade, divorciada, com uma filha para criar e sem emprego, lutando diariamente para voltar ao mercado de trabalho e restaurar a sua dignidade.
Acredite em mim, é o tipo de história que á primeira vista parece clichê, mas não é, e vai fazer com que você se sinta numa verdadeira montanha russa de emoções: indo da alegria à tristeza ou da raiva à empatia em poucos segundos.
REPRESENTATIVIDADE
O que mais me chamou a atenção neste dorama é que, apesar do título, o romance aqui é uma tela em segundo plano. A ideia é dar destaque à representatividade feminina, colocando a protagonista como o retrato da mulher que mata dois leões por dia para sobreviver no mercado de trabalho, um ambiente em que durante muito tempo tivemos figuras majoritariamente masculinas no controle.
Dan-i foi uma publicitária competente e premiada durante os anos de faculdade, mas precisou afastar-se de suas funções por sete anos para cuidar da família – esposo e filha – embora tenha sido uma escolha pessoal, essa foi uma decisão que afetaria sua vida profissional completamente, pois como sabemos o mercado está sempre mudando e exigindo mais das pessoas a cada dia, e com uma pausa de sete anos no currículo, Da-In é considerada uma profissional ultrapassada pelos avaliadores dos processos seletivos pelos quais passou.
Infelizmente, essa é a realidade de muitas mulheres não apenas na Coréia, mas no mundo todo. Muitas abandonam seus sonhos profissionais para se dedicarem à família, algumas vivem bem com isso, outras passam por coisas inimagináveis, e quando tentam retomar são descartadas pelo mercado, por fatores como a idade, por estarem ultrapassadas, entre outras mil e uma coisas.
Mas, como dizem: a necessidade faz o gato pular não é mesmo? E muitas vezes faz com que tomemos medidas extremas, assim foi com a nossa protagonista, que omite seu grau de escolaridade para concorrer a uma vaga temporária na editora Gyeoroo. E é aqui que a história da nossa heroína realmente começa!
SORORIDADE
Através das personagens Song Hae-Rin (Jung Eugene), Go Yoo-Sun (Kim Yoo Mi), Seo Young-Ah (Kim Sun Young) e Oh Ji Yeol (Park Gyu Young) – as principais funcionárias da editora Gyeoroo – a história trabalhou não apenas questões comuns que ocorrem no mercado de trabalho, mas também os dilemas pessoais de cada uma.
Vale o destaque para Hae-rin e Ji Yeol que mostraram um desenvolvimento surpreendente no desenrolar da trama e acabaram cativando um lugar no coraçãozinho dessa pessoinha que vos escreve.
MISTÉRIO
Como em qualquer boa história, um toque de mistério é sempre bom para trazer aquele suspense e nos deixar querendo mais não é mesmo? Aqui essa responsabilidade fica por conta de Seo-joon – o nosso designer de livros, personagem interpretado pelo ator Wi Ha-joon.
NARRATIVA CONSTRUÍDA EM TORNO DO UNIVERSO LITERÁRIO
Eis aqui outro motivo pelo qual eu me derreti completamente por este dorama: ele teve sua história e narrativas construídas com base no universo literário! Desde os primeiros segundos da abertura, aos créditos finais dos episódios, a sensação que se tem é de estar folheando um livro. E essa característica também se faz muito presente na ambientação dos cenários, nos figurinos e em todo o resto. É incrivelmente lindo de ver.
O BÔNUS
Se lembram de quando eu disse lá no comecinho do texto que romance é a última coisa a qual conseguimos perceber nesse dorama? Pois é. Ele existe sim, mas é construído pouco a pouco, de maneira leve e sutil, quase como um presente para a protagonista – e para o telespectador –, depois de comer o pão que o diabo amassou e passar por todos os perrengues sem “deixar a peteca cair” a nossa Dan-i merecia viver o seu conto de fadas não é mesmo? E que conto de fadas!
Se precisavam de uma lista com motivos para assistir, acho que os meus foram mais que suficientes, não é? Tem muito mais que eu gostaria de poder contar, mas aí tiraria toda a graça 🙂
Onde assistir online: esse é o meu bônus para quem se interessou, mas não tem conta na Netflix