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Invocação do Mal 3: A ordem do demônio – Crítica

Invocação do Mal 3: A ordem do demônio – Crítica

O capítulo mais diferente da franquia

Desde 2013, “Invocação do Mal” tem se encarregado de ditar tendências no cinema de terror blockbuster! Não à toa que muitos tentaram fazer suas próprias, e algumas lucrativas, franquias para assustar o público. Mas nada se compara a saga criada por James Wan e as inúmeras criaturas que foram trazidas para compor o panteão dos Warren de investigações sobrenaturais! E após sete produções será que ainda temos histórias para contar e fazer o espectador sentir medo?

‘Invocação do Mal 3: A Ordem do demônio’ chegou aos cinemas trazendo novamente o casal Lorraine e Ed Warren em um caso sobrenatural, porém sai de cena o diretor que deu origem a tudo e o comando é passado para alguém que já realizou um trabalho nessa franquia. Deste modo somos entregues ao capítulo mais diferenciado da franquia, mas também a narrativa que estabelece o casal de protagonistas como um dos mais “poderosos” do gênero de terror.

Na década de 80, após um ritual de exorcismo de um menino, o casal Warren se vê em um novo caso. Um jovem, Arne Johnson é preso por assassinato, mas ele alega ter sido possuído durante o crime. Assim, Lorraine e Ed partem em uma investigação para provar a inocência do rapaz, mas a cada nova descoberta, um mal que eles ainda não conheciam os espreita e os quer mortos antes de revelarem o que realmente aconteceu! 

Michael Chaves (A Maldição da Chorona) é quem comanda o terceiro filme da história dos Warren e o oitavo da franquia de terror bem-sucedida da Warner. E parece que o diretor aprendeu a fazer um bom trabalho, ainda que emule muito do que James Wan fez nas produções anteriores!

A direção sabe como criar uma atmosfera de tensão em pavor, se apoiando na fotografia soturna e ao mesmo tempo, aplica com maestria os efeitos visuais que contribuem para assustar e causar o impacto visual necessário. Ao mesmo tempo, Chaves usa de bons planos para dar as sequências um toque que vai além do terror e nisso, o tom enigmático possui um peso muito maior, criando então uma narrativa que não está apenas presa aos sustos baratos, mas vai construindo as situações assustadoras. 

E nesse ponto para alguns, exista uma grande distância deste filme para com os outros. Como nas obras anteriores sempre éramos apresentados a uma figura medonha espiritual, aqui nos vemos às voltas de uma entidade mais “humana”, e isso faz com que os conflitos se tornem mais pessoais e as motivações também. Isso não quer dizer que seja menos assustador, apenas nos mostra que é possível criar coisas novas numa saga que parecia estar apenas seguindo a fórmula de “filme principal + derivado da criatura da vez”. Logo, o diretor explora e de maneira competente a relação de Lorraine e Ed que aqui estão num nível “super-herói” de resolução de casos e de confronto ao mal! 

Lógico que isso se deve a dupla de atores, Patrick Wilson e Vera Farmiga. O primeiro, esbanja carisma e tem seu personagem em uma situação complexa que reduz seus esforços físicos, compensados em ser o grande apoio da esposa diversas vezes. Já Farmiga é o grande nome do longa. A presença de Lorraine é acalentadora e ao mesmo tempo imponente diante das situações que se apresentam, até mesmo a colocando num conflito de igual para igual com que está por trás de toda a maldade da história. E isso, estabelece o casal como a melhor dupla do gênero do terror da atualidade! 

O sangue de Jesus tem podeeeeeeer, tem podeeeeeer…

E quando pensamos no roteiro deste “Invocação do Mal” realmente encontramos muitas diferenças em comparação aos filmes anteriores. As manifestações sobrenaturais são colocadas aqui de maneira pontual, nos contextualizando de onde tudo começou e a onde está, para que junto dos Warren embarquemos na jornada de investigação. Os sustos são parte do texto, contudo não é o todo da produção! O que não incomoda de maneira alguma! Se torna interessante vermos os de Lorraine ampliados e Ed tendo que enfrentar um problema pessoal, antes de poder salvar qualquer outra pessoa! É como se o roteiro ampliasse e humanizasse os dois ao mesmo tempo! 

Por isso, essa construção do mistério a ser desvendado se propõem a explorar muito mais do casal do que só o velho “vamos entender qual é a entidade da vez”. É como se a trama toda fosse uma grande alegoria do que Ed e Lorraine passam nesse momento da vida e suas escolhas que podem ser mortais em determinadas situações. Potencializado pela construção de um suspense que procura instigar o espectador a entender que “ordem” é essa que foi dada e por quem! 

Talvez isso seja frustrante para aqueles que queriam demônios aparecendo toda hora ou objetos voando constantemente! Temos esses momentos? Sim, e são realizados repletos de referências a outros clássicos do cinema de terror, mas quando tudo isso passa e o mal é derrotado, é com os Warren que ficamos. Por isso, a narrativa engrandece as possibilidades de vermos o tom investigativo, como o casal trabalhou em sua carreira e para aqueles que ainda torcem pelos dois, nos presenteia com uma dinâmica formidável em tela na hora de caçar o “coisa ruim”!

‘Invocação do Mal 3: A Ordem do demônio’ é o “diferentão” da família, ainda que carregue consigo todo o sangue dos Warren nas veias. E em meio a investigação sobrenatural e manifestações que nos fazem ficar presos na poltrona, há espaço para estabelecer o casal de personagens como um dos mais importantes do gênero do terror e o mais temido das entidades malignas. Por mais que não seja apegado ao susto fácil, o terceiro capítulo da franquia ainda é satisfatório!

Já sua direção emula muito do trabalho de James Wan, conseguindo estabelecer boas cenas de tensão e fazendo com que venhamos a adentrar uma atmosfera de horror diferente, onde o desconhecido se torna muito mais humano do que simplesmente vermos objetos sendo arremessados e claro, parte dessa construção assertiva se dá ao carisma da dupla Vera Farmiga e Patrick Wilson.

Ao final, seria precipitado demais pensar em um próximo capítulo da franquia, pois todo herói precisa descansar em algum momento, pendurar a capa! Nesse caso, o crucifixo! 

‘Invocação do Mal 3: A Ordem do demônio’ está em cartaz nos cinemas! 

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